Biolab reforça pesquisa e lança 12 produtos
Biolab reforça pesquisa e lança 12 produtos
Veículo: Brasil Econômico
Jornalista: Martha San Juan França
Nos últimos anos, a palavra inovação tem sido repetida de forma obsessiva pela indústria farmacêutica brasileira. Se, na década anterior, os maiores laboratórios praticamente dobraram de tamanho investindo em genéricos, agora se esforçam para desenvolver produtos próprios. Nesse cenário, a Biolab sai na frente porque, segundo seu presidente técnico científico, Dante Alário Júnior, iniciou esse processo antes dos demais. E promete reforçar ainda mais a estratégia nos próximos anos: em 2012 será inaugurado o centro de pesquisa avançada em Taboão da Serra (Grande São Paulo) com 5 mil metros quadrados, onde a empresa está investindo cerca de R$ 50 milhões.
O centro será muito maior do que o atual, de 1,2 mil metros quadrados, em Itapecerica da Serra. Além disso, terá uma unidade semi-industrial, que fará a ponte entre os produtos de pesquisa e a indústria. Em Taboão da Serra, funcionará, a partir de julho deste ano, a parte da Biolab dedicada à produção de medicamentos hormonais, com uma área voltada à hormônios injetáveis.
Doze novos produtos Com cerca de 140 pesquisadores e técnicos, o centro terá a incumbência de levar adiante o desenvolvimento dos 12 novos produtos que a Biolab pretende lançar este ano — dois sob licença e dez como resultado de pesquisa própria nas especialidades de cardiologia, ginecologia, dermatologia e ortopedia. Nos planos da companhia está também o lançamento de dois medicamentos à base de novas moléculas, desenvolvidas exclusivamente pela Biolab, até o final de 2012. No total, o laboratório tem projetos de desenvolvimento de 32 produtos, sendo três no campo de inovações radicais. Há também 48 projetos destinados a melhorar as indicações e características de drogas conhecidas.
Atualmente, a Biolab está entre os quatro maiores laboratórios farmacêuticos do Brasil, com um faturamento de R$ 676 milhões em 2010. Desde a sua fundação, em 1997, a companhia optou por não trabalhar com genéricos, investindo em medicamentos sob prescrição. “A opção reforçou a estratégia de apostar em pesquisa para o desenvolvimento de fórmulas inovadoras”, diz Alário Júnior. “Somos o laboratório brasileiro que mais investe em pesquisa e inovação, com 7% do faturamento total por ano.” Esse investimento se aplica às atividades próprias mas também a parcerias com universidades e laboratórios nacionais e internacionais de onze países.
Há um mês, a Biolab iniciou uma parceria pioneira na indústria farmacêutica com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) para apresentação de projetos com o objetivo de gerar resultados aplicáveis no desenvolvimento de novos medicamentos. O investimento previsto é de R$ 5 milhões, divididos igualmente por três anos. Diante do interesse dos pesquisadores, a empresa até se surpreendeu. “Tenho a expectativa de obter de três a cinco bons projetos com esta parceria, além de novas plataformas tecnológicas que podem agregar às nossas pesquisas”, diz Alário Júnior. Com outros laboratórios nacionais que realizam pesquisas, a Biolab participa da criação da FarmaBrasil, associação destinada a fortalecer essa atividades, entre outras coisas, pleiteando mais apoio dos órgãos governamentais regulatórios.
"Quem veio depois vai partir do zero"
O sócio da área científica da Biolab, Dante Alário Júnior, aposta em projetos com pesquisadores das universidades para aumentar o portfólio da empresa. Parceria recente com a Fapesp demonstrou que o interesse é enorme. E que este pode ser o caminho para a inovação na indústria de medicamentos.
Por que a Biolab sai na frente na corrida por inovação da indústria farmacêutica?
Porque começamos antes e esse é um processo que leva tempo. Quem chegou depois tem que começar do zero e o ciclo de desenvolvimento de um produto costuma levar entre dez e quinze anos. Enquanto a indústria farmacêutica de um modo geral optou por um caminho mais imediatista, nós pensamos em uma estratégia diferente, mesmo quando não existia ainda a lei de patentes. Nunca nos interessamos em fazer genéricos, por exemplo. Esta não é a nossa meta. Em vez disso, criamos uma estrutura para desenvolver novos produtos, realizar ensaios, fazer controle de qualidade e testes para adaptação de moléculas. Isso mesmo sabendo que o Brasil não tinha, e mesmo agora ainda não tem, uma história de pesquisa e inovação. Tivemos que buscar lá fora, fazendo parceria com pequenas empresas multinacionais porque as grandes não precisam de nós.
Quando vocês iniciaram não foi ainda mais difícil?
Nós demos muitas cabeçada, apanhamos porque também não tínhamos estrutura, o país não tinha gente, tudo precisava ser feito lá fora. Não fomos à falência mas apanhamos. Éramos muito metidos, queríamos obter uma nova molécula logo de cara. Hoje aprendemos a dar um passo de cada vez.
Em que tipo de projetos há interesse?
Todos, desde que tenha inovação! Até porque somos uma empresa jovem, nós queremos nos apropriar de oportunidades de negócios, seja nas áreas que já atuamos, como oncologia, dermatologia, ginecologia e até cosméticos com aplicações médicas. Sabemos que o investimento em pesquisa demora a dar dividendos e estamos prontos para esperar.
A universidade está mais aberta para trabalhar coma iniciativa privada? Por que essa expectativa quanto a parceria coma Fapesp?
Eu acho que é difícil que a universidade tenha visão empresarial. Ela tem a obrigação de formar gente com qualidade e fazer pesquisa, não necessariamente de valor comercial. A função da indústria é aproveitar esse conhecimento e transformar em produtos. Nós tínhamos uma experiência anterior que não foi boa. Há alguns anos, fizemos uma chamada de pesquisa por meio do Consório de Indústrias Farmacêuticas (Coinfar), aberta para o Brasil todo. Chegaram 70 projetos. Quando fomos analisar, sobrou um – que não era viável. Mas o Brasil mudou e a visibilidade da Fapesp é muito maior. Antes de terminar o prazo da chamada, o interesse despertado já é enorme, inclusive de áreas diversas e até mesmo com a oferta de novas plataformas tecnológicas, o que também nos interessa. Tenho a expectativa de obtermos pelos menos três a cinco bons projetos no final do processo.
Por que a Biolab sai na frente na corrida por inovação da indústria farmacêutica?
Porque começamos antes e esse é um processo que leva tempo. Quem chegou depois tem que começar do zero e o ciclo de desenvolvimento de um produto costuma levar entre dez e quinze anos. Enquanto a indústria farmacêutica de um modo geral optou por um caminho mais imediatista, nós pensamos em uma estratégia diferente, mesmo quando não existia ainda a lei de patentes. Nunca nos interessamos em fazer genéricos, por exemplo. Esta não é a nossa meta. Em vez disso, criamos uma estrutura para desenvolver novos produtos, realizar ensaios, fazer controle de qualidade e testes para adaptação de moléculas. Isso mesmo sabendo que o Brasil não tinha, e mesmo agora ainda não tem, uma história de pesquisa e inovação. Tivemos que buscar lá fora, fazendo parceria com pequenas empresas multinacionais porque as grandes não precisam de nós.
Quando vocês iniciaram não foi ainda mais difícil?
Nós demos muitas cabeçada, apanhamos porque também não tínhamos estrutura, o país não tinha gente, tudo precisava ser feito lá fora. Não fomos à falência mas apanhamos. Éramos muito metidos, queríamos obter uma nova molécula logo de cara. Hoje aprendemos a dar um passo de cada vez.
Em que tipo de projetos há interesse?
Todos, desde que tenha inovação! Até porque somos uma empresa jovem, nós queremos nos apropriar de oportunidades de negócios, seja nas áreas que já atuamos, como oncologia, dermatologia, ginecologia e até cosméticos com aplicações médicas. Sabemos que o investimento em pesquisa demora a dar dividendos e estamos prontos para esperar.
A universidade está mais aberta para trabalhar coma iniciativa privada? Por que essa expectativa quanto a parceria coma Fapesp?
Eu acho que é difícil que a universidade tenha visão empresarial. Ela tem a obrigação de formar gente com qualidade e fazer pesquisa, não necessariamente de valor comercial. A função da indústria é aproveitar esse conhecimento e transformar em produtos. Nós tínhamos uma experiência anterior que não foi boa. Há alguns anos, fizemos uma chamada de pesquisa por meio do Consório de Indústrias Farmacêuticas (Coinfar), aberta para o Brasil todo. Chegaram 70 projetos. Quando fomos analisar, sobrou um – que não era viável. Mas o Brasil mudou e a visibilidade da Fapesp é muito maior. Antes de terminar o prazo da chamada, o interesse despertado já é enorme, inclusive de áreas diversas e até mesmo com a oferta de novas plataformas tecnológicas, o que também nos interessa. Tenho a expectativa de obtermos pelos menos três a cinco bons projetos no final do processo.
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