Cristália investe mais para obter novas moléculas
Veículo: Brasil Econômico
Jornalista: João Paulo Freitas
Neste ano, o Laboratório Cristália decidiu elevar para 11% do seu faturamento o montante que investirá em inovação. Em 2010, a empresa destinou o equivalente a 7,5% do faturamento de aproximadamente R$ 660 milhões a projetos de pesquisa e desenvolvimento (P&D). “Esse aumento é muito significativo. Muitos dos nossos projetos estão entrando na etapa de testes em humanos, uma fase muito onerosa. Devido a essa maturidade, eles agora demandam mais recurso para seguir em frente”, afirma o diretor de pesquisa, desenvolvimento e inovação do Cristália, Roberto Debom.
Atualmente, a empresa conduz cerca de 40 projetos de P&D. Metades deles, segundo Debom, podem resultar em inovações radicais — isto é, em produtos baseados em novas moléculas e por isso ainda inexistentes — e são voltados ao tratamento de dores, síndrome metabólica, problemas cardíacos, cicatrização e asma. A outra metade deve resultar em inovações incrementais, que no caso de uma empresa farmacêutica, envolve a elaboração de novas formulações para substâncias já existentes.
O laboratório conta também com apoio estatal para desenvolver novos produtos. No final de março, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou financiamento de R$ 77,2 milhões para o laboratório, dentro do Programa de Apoio ao Desenvolvimento do Complexo Industrial da Saúde (Profarma).
Ao todo, 11 projetos do Cristália serão beneficiados pelo financiamento. Entre eles, está a proposta de desenvolver uma nova rota biotecnológica para produção do hormônio do crescimento humano recombinante e uma produto para o tratamento de síndrome metabólica baseado em uma nova molécula. Este, aliás, é considerado pela empresa um dos seus projetos de mais destaque. Segundo Debom, o Cristália já solicitou a patente da substância, que está sendo testada no controle de colesterol. “O medicamento que estamos desenvolvendo tem a capacidade de diminuir as placas de ateroma já instaladas no paciente”, diz. “O que existe no mercado são controladores de colesterol, não de placa de ateroma. Esse é o grande diferencial”, afirma. Ateromas são placas formadas pelo acúmulo de gorduras dentro de artérias ou veias.
No momento, o laboratório está terminando os testes toxicológicos do produto, em animais. O próximo passo será começar os testes em humanos, o que deve ter início por volta do final deste ano.
Riscos
De acordo com Debom, o desenvolvimento de novas moléculas é um processo complexo e que envolve riscos. “O processo de inovação passa pela molécula e formulação antes de chegar até ao produto. É um processo de longo prazo e que requer bastante recurso”, diz. “Muitas vezes começamos um desenvolvimento e após três ou quatro o produto não corresponde às expectativas. De certa forma, ganhamos aprendizado. Porém, tempo e recursos financeiros foram perdidos”, acrescenta.
Segundo o executivo, um projeto que visa a obtenção de um novo produto pode começar com cerca de mil protótipos sendo que apenas duas ou três moléculas realmente chegam até etapas mais avançadas do processo.
Propriedade intelectual
O Cristália conta hoje com 28 patentes concedidas. Além destas, há cerca de 160 pedidos de patente em avaliação. Para Debom, a busca do laboratório pela inovação, postura que levou a empresa a lançar no começo de 2008 o Helleva, voltado ao tratamento de disfunção erétil, visa manter o Cristália competitivo e acima de tudo financeiramente saudável. “As empresas que inovam têm melhor capacidade comercial e conseguem também atrair colaboradores de alto nível. Afinal, inovação é inteligência, intelectualidade e estudo”, afirma.
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