Blanver acirra briga por medicamento
Veículo: Valor Econômico
Jornalista: Mônica Scaramuzzo
Depois de mais de três décadas atuando nos bastidores da indústria farmacêutica, o laboratório nacional Blanver começa dar os primeiros passos para conquistar seu espaço no mercado. A companhia começou a distribuir este ano para o governo federal o Tenofovir, medicamento para tratamento de pacientes com HIV e hepatite B.
Em parceria com a Fundação Ezequiel Dias (Funed), do governo do Estado de Minas Gerais, a Blanver faz parte de um seleto grupo de laboratórios que firmou parceria público-privada com o Ministério da Saúde para reproduzir medicamentos estratégicos aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). O contrato para entrega dos primeiros lotes do antirretroviral destinados a pacientes do SUS começou a vigorar em maio e tem validade por cinco anos.
Há dois anos, o Ministério da Saúde anunciou programa de estímulo a farmacêuticas nacionais para transferência de tecnologia e produção de importantes medicamentos voltados para a saúde pública, cuja patente foi expirada.
Ao Valor, Sérgio Frangioni, principal executivo da empresa, afirmou que a companhia tem em seu "pipeline" outros dois medicamentos em desenvolvimento que deverão ser colocados no mercado a partir de 2012.
Fundada em 1980, a Blanver era um típico laboratório farmoquímico produtor de excipientes - que contempla todos os itens de um comprimido, exceto o princípio ativo. Fortemente dependente das importações de insumos, a empresa começou a diversificar seus negócios, uma vez que o câmbio comprometia as margens de seu negócio. Foi a partir dos anos 90 que a companhia começou a produzir, de forma terceirizada, medicamentos para outros laboratórios instalados no país.
Em 2007, a companhia decidiu comprar um pequeno laboratório da Biosintética, no Taboão da Serra, na Grande São Paulo, que se tornou o quartel-general da companhia. Desde então, o laboratório passou a se dedicar ao desenvolvimento de medicamentos próprios.
Com faturamento em torno de R$ 200 milhões, a empresa é a terceira maior produtora de excipientes do mundo, atrás da americana FMC e da alemã JRS. A participação da companhia nacional nesse mercado é de 12%, mas Frangioni disse que a empresa busca avançar nesse setor, que movimenta globalmente, por ano, cerca de US$ 1 bilhão.
As exportações respondem por 40% dos negócios da Blanver. Segundo Frangioni, a empresa poderá crescer por meio de aquisições no mercado de excipientes. Nos Estados Unidos, a companhia já possui um escritório de distribuição. Parte desses excipientes também é comercializado para indústrias de alimentos, sobretudo de refrigerados. "Algumas substâncias são utilizadas em sorvetes", afirmou o empresário. Esse segmento, embora represente 5% da receita do grupo, tem um grande potencial de crescimento, principalmente na industrialização de produtos funcionais.
De controle familiar, a empresa foi fundada pelo pai do empresário, que hoje preside o conselho de administração da companhia. O dia a dia do negócio é tocado por Frangioni e seus dois irmãos. "Mas temos uma gestão profissionalizada."
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