União Química e Biolab vão desfazer participação cruzada
Veículo: Valor Econômico
Jornalista: Mônica Scaramuzzo
O controlador da farmacêutica União Química, Fernando de Castro Marques, está negociando a compra da participação de seus dois irmãos, Cleiton e Paulo, na companhia. O montante de ações de ambos soma cerca de 36% da farmacêutica. O empresário contratou o Deustche Bank para assessorá-lo nessa operação. O BTG Pactual está intermediando as conversas para Cleiton e Paulo.
Os três irmãos têm participação societária cruzada nos laboratórios União Química e Biolab. Cleiton e Paulo controlam, juntos, a farmacêutica Biolab, da qual Fernando também é acionista, com fatia relevante de 27,3%. Ao Valor, Fernando informou que tem interesse em comprar a parte de seus irmãos na União Química, mas não quer vender sua participação na Biolab. Procurado, Cleiton de Castro Marques, presidente da Biolab, confirmou que as negociações para desfazer as participações cruzadas estão em andamento, mas que ainda estão bem no início.
A gestão das duas farmacêuticas era feita pelos três irmãos, mas após um desentendimento entre eles, as empresas, que dividiam a mesma sede na capital paulista, foram separadas. A expectativa é de que a negociação entre os irmãos seja concluída em cerca de 60 dias. Fernando não informou qual o valor que será desembolsado pela participação de Cleiton e Paulo.
Com receita bruta de R$ 431,1 milhões em 2010, o laboratório União Química, com três fábricas no país, atua em saúde humana e animal e tem sofrido assédio de grandes multinacionais. Igualmente cobiçada por grandes farmacêuticas, a Biolab, fundada há 13 anos, com receita em torno de R$ 600 milhões em 2010, não descarta firmar parceria com grupos estrangeiros para expandir seus negócios. No ano passado, a Biolab associou-se à alemã Merz , para explorar toxina botulímica, e poderá fazer novas joint ventures em outros segmentos.
A participação cruzada dos acionistas nas duas empresas torna-se, então, um empecilho para os planos de crescimento de ambas as companhias.
A União Química está em processo de "due dilligence" (auditoria) para comprar duas empresas de pequeno porte, nos segmentos de saúde animal e humana, informou Fernando. A companhia também está fazendo suas apostas no lançamento de dois medicamentos, em fase adiantada de desenvolvimento, que poderão colocar a farmacêutica no mapa internacional, aposta o empresário.
Nos próximos meses, a União Química deverá colocar no mercado dois importantes medicamentos. O primeiro deles, desenvolvido em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais, combate hipertensão arterial, sobretudo no caso de eclampsia. A segunda pesquisa em andamento, com apoio da União Química e sob coordenação da farmacêutica Ana Marisa Chudzinski-Tavassi, do Instituto Butantã, tem como base a saliva do carrapato, que produz um anticoagulante e que testados em ratos foi capaz de reduzir drasticamente tumores cancerígenos. Esse segundo projeto fazia parte de um consórcio formado entre os laboratórios Biolab, Aché e União Química para a produção de futuros medicamentos, mas Fernando afirmou que a União Química decidiu assumir sozinha as pesquisas com o Instituto Butantã.
"São medicamentos importantes, que alçariam a União Química do campeonato nacional para a competição internacional", afirmou Fernando, sobre a importância do lançamentos dos dois produtos em desenvolvimento. Os produtos podem chegar ao mercado em 2013.
Fundada em 1936, a União Química (ex-Laboratório Prata) era administrada por João Marques de Paulo, pai de Fernando, Cleiton e Paulo. Com forte posição em medicamentos contraceptivos no país, a divisão farma da companhia também atua nos segmentos de produtos similares, OTC (um dos carros-chefes é o produto Vodol), genéricos, oftalmo, entre outros.
Para 2011, a expectativa do empresário é que a União Química encerre com faturamento de R$ 550 milhões. No ano passado, o grupo adquiriu por R$ 18 milhões a empresa Tecnopec, de saúde animal, o que permitiu à companhia entrar no segmento de reprodução e hormônios.
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