Distribuidoras estocam e financiam a compra de medicamentos







Ampliar a gama de serviços ao atuar como armazéns para drogarias e farmácias - graças à capilaridade de seus centros de distribuição -, além de financiar a compra de medicamentos para as redes varejistas do ramo, com mais prazos, é a nova estratégia das redes de distribuição de medicamentos. As atacadistas sentiram necessidade de encontrar meios para não perder mercado diante das ondas de consolidação da indústria farmacêutica de um lado, com a união de laboratórios; e do varejo de medicamentos, de outro, via fusões como as das grandes corporações.

As distribuidoras ainda focam a segurança ao setor, ao contratar escolta para evitar que os fármacos sejam roubados no transporte. "Multiplicar as frentes de atuação é um caminho necessário a essas empresas", afirmou Luiz Fernando Buainain, presidente da Associação Brasileira do Atacado Farmacêutico (Abafarma), que congrega as 23 maiores distribuidoras do País (responsáveis por abastecer farmácias, drogarias, hospitais e clínicas).

"Temos mais de 70 centros de distribuição em todo o Brasil e movimentamos cinco milhões de itens por dia, entre remédios e produtos de higiene e perfumaria, além de cosméticos", conta Buainain, acrescentando que "com planejamento e boa logística, as distribuidoras têm conseguido abastecer mais de 66 mil estabelecimentos. A diferença entre os pedidos feitos pelos varejistas e sua entrega é de apenas 10 horas, em média. Não raro, fazemos as entregas apenas 3 horas após a solicitação.

No passado, as atacadistas foram acusadas de exercerem o papel de atravessadoras no setor. "Trata-se de uma total inverdade", reage Jorge Froes de Aguilar, diretor-executivo da associação. "Compramos medicamentos dos laboratórios e os vendemos às drogarias dando a elas 35, 40 e, às vezes, 60 dias para pagar. Acabamos sendo os grandes financiadores do varejo farmacêutico no País."


MARGENS APERTADAS

Vale lembrar que medicamentos são hoje a única categoria de produtos no Brasil cujos preços ainda são estipulados pelo governo. É dos descontos que conseguem junto aos fabricantes sobre os valores de tabela que as distribuidoras extraem suas margens de lucro - que são bem apertadas, garantem os empresários da área.

"Além disto, temos de arcar com os custos de segurança da atividade. Remédios são produtos de alto valor agregado, que atraem criminosos. As escoltas aos caminhões nas estradas saem do nosso bolso", lembra Milton Julião Marcondes, executivo da distribuidora DCenter. "Também investimos pesadamente em tecnologia de rastreamento de nossos veículos", observa ele.


ESTOQUE À DISTÂNCIA

Outro papel que as distribuidoras cumprem é o de armazenagem. As drogarias atualmente trabalham quase sem estoque, para economizar espaço e dinheiro. Assim, diariamente pedem o que precisam a estas empresas - e a entrega, em se tratando de remédios, é quase sempre urgente. Assim, as distribuidoras agem na prática como um estoque à distância para as farmácias.

É graças à capilaridade proporcionada por seus centros de distribuição espalhados pelo País que um remédio pode chegar rapidamente tanto a uma drogaria paulistana quanto a outra situada no interior do Amazonas. "No passado, houve tentativas por parte de alguns laboratórios de fazer distribuição, mas não vingou", observa Buainain.

"Este é um serviço especializado, não basta ter uma frota para fazê-lo. Você precisa entender muito de logística de transporte para atuar na área. Há locais onde usamos motocicleta, bicicleta e até canoa para fazer os remédios chegarem. Além disto, é necessário ter capital de giro e finanças sólidas para vender produtos às drogarias, concedendo prazos de pagamento longos", frisa o executivo.


Fonte: DCI

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