Versões genéricas não afetam a liderança do medicamento Cialis
Quase um ano e meio depois do lançamento de medicamentos genéricos no país para combater a disfunção erétil, a americana Eli Lilly, líder nesse segmento no Brasil com o Cialis, não teve sua participação de mercado abalada, mesmo com a disposição de "cópias" mais baratas de concorrentes. "Não entramos na guerra de preços iniciada ano passado, com a chegada dos genéricos para esse segmento", afirmou Luciano Finardi, diretor de marketing da farmacêutica no Brasil. Em junho de 2010, as primeiras versões genéricas do Viagra, da Pfizer, cuja patente expirou no ano passado no país, chegaram ao mercado, com preços até 70% mais baratos.
A estratégia da Eli Lilly, que parecia arriscada em um mercado em ebulição, trouxe impactos positivos à farmacêutica. Em setembro de 2010, a companhia começou a comercializar a versão Cialis Diário. O medicamento é vendido em uma cartela com 28 comprimidos de 5mg para uso diário, como sugere o nome. Um ano depois do seu lançamento, a participação desse produto é de 8,1%, E desde 2003 o laboratório americano comercializa no país a versão convencional do Cialis (uso unitário), que promete 36 horas de eficácia para quem consome o produto, ante de quatro a seis horas, garantidos pelo Viagra e suas cópias, além dos produtos concorrentes.
A patente do Cialis expira no país a partir de 2015. Como não pretende começar a produzir medicamentos genéricos no país, pelo menos no curto prazo, a Eli Lilly está incluindo a versão diária do medicamento [cuja cartela custa cerca de R$ 240] em seu programa de fidelidade, o "Lilly Melhor para Você". Ao fazer o cadastro, a farmacêutica analisa os dados cadastrais do consumidor e poderá vender a cartela entre R$ 130 a R$ 190, dependendo do perfil econômico da pessoa. Outros três medicamentos da Eli Lilly já estão nesse programa que oferece descontos: Zyprexa (combate transtorno bipolar e esquizofrenia), Cymbalta (antidepressivo) e Byetta (antidiabético).
"Com a chegada dos genéricos, tivemos um impacto negativo na venda em volumes, mas não muito impacto em receita. Os médicos aumentaram a prescrição do uso do medicamento, de 17% em setembro de 2010, para 25,2% em agosto deste ano", disse Finardi.
O mercado de disfunção erétil no país movimenta por ano cerca de R$ 620 milhões. O Brasil é o segundo maior mercado global em vendas, atrás somente dos EUA. De janeiro a agosto deste ano, a venda de Cialis foi de 4,881 milhões de comprimidos. A versão Cialis Diário representou 9,82% no período. Em 12 meses (de setembro de 2010 a agosto de 2011), foram 7,4 milhões de unidades, com 8,16% de participação do Cialis Diário. A receita de janeiro a agosto ficou em R$ 147, 9 milhões e de R$ 223, 177 milhões nos últimos 12 meses. Em agosto de 2011, a fatia em volume da Lilly ficou em 14% e em receita, 35%. Em setembro de 2010, a fatia da Lilly em volume era 18% e em receita era de 37,3%. A participação das versões genéricas (cerca de 15 produtos) soma 44% no total.
Com faturamento de cerca de R$ 1,023 bilhão em 2010, a companhia projeta para 2012 um crescimento da ordem de 15% a 20% para seus produtos, cujas patentes ainda estão na validade. "2012 será o ano do Cialis e da nossa plataforma de insulina", disse o executivo. A farmacêutica passa a comercializar no Brasil o Bybureon para combater o diabetes (trata-se de uma injeção para aplicar uma vez por semana). A empresa também colocou no mercado o antidiabético Trayenta, em parceria com o laboratório Boheringer Ingelheim.
Fonte: Valor Econômico
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