MSD tem nova opção para tratamento da hepatite C



Veículo: Valor Econômico

Jornalista: Vanessa Dezem

Evidenciando seu foco na área de virologia, a MSD iniciou no Brasil a comercialização do Victrelis, novo medicamento para hepatite C. O país foi o segundo na lista de lançamentos da droga, diante do potencial de demanda apresentada pelo mercado brasileiro. O grande desafio da multinacional, agora, é ter o produto distribuído no sistema de saúde público.

"A área de hepatite é importante para a companhia. Temos boas perspectivas para esse novo medicamento", afirmou ao Valor o diretor de acesso ao mercado da MSD, João Sanches.

A multinacional - fruto de uma fusão global entre a Merck Sharp & Dohme e a Schering-Plough, há dois anos - lançou o medicamento no primeiro semestre nos Estados Unidos. Em julho, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a comercialização do produto no Brasil e no fim do mês passado a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed) fixou seu preço.

O tratamento, cujo princípio ativo é boceprevir, promete aumentar em até três vezes a chance do paciente ser curado da hepatite C. Ele representa uma nova classe de medicamentos, que deve ser administrado em combinação com outros dois produtos. Hoje, com o tratamento convencional, o paciente tem 40% de chance de responder positivamente ao tratamento. Os que não respondem podem adicionar o boceprevir ao coquetel. Segundo a MSD, neste caso, há eficácia de 60% a 80%.

O custo do medicamento, no entanto é muito alto. "Não é acessível à população em geral", enfatizou Sanches. Para acessar o mercado brasileiro, desta forma, a grande aposta da empresa é nos Serviços do Sistema Único de Saúde (SUS). A decisão vem do governo federal, que tem 180 dias, mais prorrogação, para definir pela entrada ou não do produto no sistema. "Para entrar no SUS, a doença tem de ser considerada estratégica, tem de estar dentro do programa do governo. Como a hepatite C é um caso de saúde pública, acreditamos que o governo será rápido", explicou o executivo.

As expectativas da empresa estão ligadas ao potencial de vendas que o Brasil oferece. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH), são 1,5 milhão de pessoas contaminadas pela hepatite C no país. Segundo a MSD, 95% dos pacientes são tratados pelo SUS. Hoje, há cerca de 20 mil pacientes que adotaram a terapia padrão e que não foram curados.

O Victrelis é o quinto produto lançado pela MSD globalmente. Além dos três medicamentos para hepatite C, a empresa tem a vacina contra as hepatites A e B. A multinacional tem ainda dois novos produtos sendo pesquisados para o tratamento da C. "Esse é um dos focos da companhia", destacou Sanches. Em 2010, a área de virologia ficou em 6º lugar em ordem de importância em termos de faturamento para a empresa globalmente. Mas o segmento está entre os que mais crescem, com as vendas passando de US$ 361 milhões em 2008 para US$ 1,090 bilhão, no ano passado. No último exercício, o faturamento global da MSD somou US$ 45,6 bilhões.

No Brasil, a empresa tem seis fábricas, localizadas nos Estados de São Paulo e Ceará, e são empregados cerca de 2 mil funcionários. Com faturamento esperado na faixa dos US$ 900 milhões neste ano somente da área de saúde humana, a subsidiária brasileira representa 2,5% dos resultados globais da companhia. Ela também tem produtos para saúde animal. Cerca de 20% das vendas da MSD no país são destinadas ao setor público.

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