Roche aposta em novas drogas contra o câncer no Brasil
Veículo: Brasil Econômico
Jornalista: Martha San Juan França
Na contramão das grandes companhias farmacêuticas que consolidam presença no Brasil e demais países emergentes, reduzindo seu portfólio de produtos de inovação e tentando driblar o prejuízo com a suspensão de suas patentes, a Roche promete lançamentos de moléculas em 2012 — todas de medicamentos biológicos que agem de forma inteligente, impedindo a proliferação do câncer, e de grande impacto no médio prazo.
Uma delas pode significar uma revolução na forma de tratar o câncer de pele, considerada a maior descoberta nos últimos trinta anos para reduzir o risco de morte em quase dois terços dos pacientes com a forma avançada da doença. A aprovação no Brasil é esperada para o primeiro semestre de 2012. A droga, chamada vemurafenib (Zelboraf), desenvolvida em parceria com a Plexxikon, é a única dentro do conceito de medicina personalizada para uma doença com pouquíssimas opções de tratamento.
“É importante considerar que, além dos resultados significativos alcançados, o medicamento já vem acompanhado de um teste que delimita quem terá bons resultados com a sua aplicação”, diz Adriano Treve, presidente da Roche Farmacêutica Brasil, referindo-se à prática que permite direcionar os tratamentos às necessidades individuais dos pacientes. Além disso, o medicamento é um dos primeiros em forma de comprimido, o que facilita a administração.
Para a Roche, é uma vitória de sua estratégia de desenvolver novas drogas destinadas a destruir células de tumor e, ao mesmo tempo, fazer os testes de diagnóstico molecular que permitem acertar com segurança o alvo. No caso do vemurafenibe, o produto foi projetado para inibir especificamente algumas formas da proteína encontrada na maioria dos melanomas. E essa possibilidade é comprovada pelo teste que detecta a mutação dessa proteína.
“É uma nova abordagem de tratamento que traz economia de tempo e de sofrimento para os pacientes”, diz Treve. Ele explica que é a mesma filosofia por trás de medicamentos importantes no portfólio da companhia, como o Herceptin (trastuzumabe), desenvolvida para tratar com mais eficácia as pacientes com câncer de mama; Mabthera (rituximabe), para linfomas; e Avastin (bevacizumab), para câncer de intestino, que poderá ter sua ação estendida para câncer de ovário.
Esta semana, a Roche deve apresentar os resultados de suas pesquisas no San Antonio Breast Cancer Symposium, realizadas com o pertuzumabe, um novo medicamento destinado a aumentar a sobrevida de pacientes com câncer de mama que já fazem o tratamento padrão com o Herceptin. “A expectativa é que ocupe um lugar importante na terapêutica associada com outras abordagens”, diz o diretor médico da Roche, Maurício Lima, que calcula ainda para 2012 a aprovação do registro da droga no Brasil.
Lima conta que o Brasil participou ativamente dos estudos clínicos referentes a todos esses novos medicamentos. “Estamos muito bem posicionados como referência em pesquisas na Roche”, afirma. A empresa aplica cerca de R$ 90 milhões em 60 estudos clínicos com mais de 5.300 pacientes em cerca de 300 centros brasileiros. Esse número deve aumentar, segundo Treve. “Temos todo o interesse considerando que os brasileiros têm todas as condições de aplicar essas novas tecnologias”, afirma.
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