Takeda fica mais popular e busca avanço em genéricos
Veículo: Valor Econômico
Jornalista: Mônica Scaramuzzo
Após investir R$ 500 milhões na compra do laboratório gaúcho Multilab no fim de maio, a farmacêutica japonesa Takeda traçou um plano de expansão ambicioso para o mercado brasileiro. Em entrevista ao Valor, o principal executivo da companhia no país, Giles Platford, disse que subsidiária nacional deverá crescer 20% ao ano, com um portfólio maior, uma vez que a companhia entrou nos segmentos de medicamentos genéricos e similares no país.
Até 2010, a gigante japonesa não tinha fábrica no Brasil e era representada por um escritório comercial. Com foco em inovação em áreas terapêuticas, como oncologia, cardiometabólico, gastroenterologia, hipertensão e diabetes, a companhia tinha como meta investir no Brasil, um dos mercados mais atraentes entre os países emergentes.
Em 2011, a farmacêutica deu um grande passo ao fazer uma aquisição global, a suíça Nycomed, que já tinha uma unidade em operação no Brasil, na cidade de Jaguariúna (SP). Além de ampliar seu portfólio de produtos em medicamentos isentos de prescrição (Mip), com a incorporação de medicamentos como Neosaldina e Dramim, o grupo passou a ter uma fábrica no país. Neste ano, foi mais além ao adquirir o laboratório Multilab, no Rio Grande do Sul, voltado para a produção de genéricos e similares. Essa empresa será o braço de genéricos e similares do grupo japonês, com produtos "mais populares".
"Nós fazemos parte de um grupo farmacêutico global. Temos forte comprometimento em pesquisa e desenvolvimento [P&D]. A empresa investe 20% de suas vendas em pesquisas de inovação", afirmou Platford, comentando os novos rumos da companhia, que agora possui um portfólio mais completo. "Nosso pipeline em áreas como oncologia, cardiometabólica e diabetes são estratégicos para o mercado brasileiro", disse.
A meta da Takeda é fazer do Brasil o maior mercado entre os emergentes - hoje a Rússia ocupa este posto. "Nos últimos três anos, temos crescido de 13% a 15% no país. Com essa aquisição [da Multilab], esperamos que a expansão seja de 20% nos próximos anos. Com a compra, ficamos entre os dez maiores [no ranking nacional]."
A Multilab também tem importantes produtos no segmento Mip, como o Multigrip, com forte apelo popular. "Essa aquisição permitiu a diversificação de nosso portfólio e nos aproximará de uma classe média consumidora", afirmou.
Platford vai além. O executivo disse que a Takeda pretende lançar de dez a 20 medicamentos da Multilab por ano, nos segmentos genéricos e similares. Assim como a Pfizer, que adquiriu 40% da Teuto para produzir genéricos de seus produtos inovadores e de outros laboratórios que perderam a patente, a Takeda não descarta fazer o mesmo. A empresa vai avaliar a demanda para colocar os genéricos e similares no mercado.
Em inovação, a meta é igualmente ambiciosa. A Takeda pretende colocar no mercado brasileiro de três a cinco medicamentos inovadores por ano, em terapias como cardiovascular, hipertensão, diabete e oncologia para diversos tipos de tratamento. Neste ano, será lançado um medicamento indicado para combater a deficiência de ferro.
Segundo Platford, mudanças nas leis brasileiras aceleraram a aprovação de estudos clínicos no Brasil. "Até o fim de 2012, teremos cerca de 2.600 pacientes participando de centros de pesquisas no Brasil", disse.
Os recentes produtos lançados no país foram o Alektos, voltado para área respiratória, segmento no qual a farmacêutica quer ampliar sua participação. A bilastina é uma substância inovadora indicada para rinite alérgica e urticária - esse produto é licenciado e faz parte de um acordo entre a Takeda e o laboratório espanhol Faes. O outro remédio lançado foi o Daxas, voltado para o tratamento da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). A partir de 2013, a companhia deverá comercializar um produto isento de prescrição voltado para a área dermatológica.
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