Meta da EMS é avançar em novos segmentos dentro do setor, sem abrir mão dos genéricos
Caçadora de "blockbusters" (medicamentos considerados campeões de venda), a companhia EMS, maior laboratório farmacêutico de capital nacional, conquistou fama e respeito por colocar no mercado brasileiro em tempo recorde versões genéricas de importantes remédios que tiveram a patente expirada.
Com seu "modus operandi" agressivo, o grupo tem incomodado seus principais concorrentes, mas esta estratégia tem rendido bons frutos. Em 2013, o grupo alcançou a vice-liderança na América Latina em participação de mercado, atrás da francesa Sanofi. Até o ano passado, a farmacêutica brasileira ocupava a terceira posição, mas conseguiu desbancar a suíça Novartis e tornou-se a segunda maior da região.
Rei dos genéricos no Brasil, o grupo EMS tem feito pesados investimentos para expandir seus negócios e liderança no país, se incluída a participação de todas as suas empresas controladas - EMS Pharma, Germed, Legrand e Nova Química. Sob o guarda-chuva da EMS Pharma, a companhia tem quatro divisões de negócios: a EMS Sigma Pharma (prescrição médica), EMS Genéricos, EMS Marcas (medicamento isento de prescrição e consumo) e EMS Hospitalar (vendas para o governo), além da área internacional (acordos no exterior).
A meta agora é avançar em novos segmentos dentro do setor farmacêutico, sem abrir mão do filão que tornou a companhia famosa: os genéricos.
Para 2015, o grupo traçou planos ambiciosos de crescimento, que preveem aportes de cerca de R$ 600 milhões em quatro novas fábricas e unidades de embalagens, afirma Luiz Borgonovi, presidente da EMS Participações. Uma delas já está sendo erguida em Manaus (AM) e deverá entrar em operação entre o fim deste ano e 2014.
Outras três unidades estão sendo projetadas em Brasília - uma delas produzirá hormônios, a outra antibióticos e a terceira será voltada para produtos oncológicos, que devem entrar em operação em 2015. A empresa avalia também um projeto em Jaguariúna (SP) para suplementos alimentares. "O crescimento da EMS está respaldado estrategicamente por expansão orgânica, não por meio de aquisições", diz o executivo.
Outras três unidades estão sendo projetadas em Brasília - uma delas produzirá hormônios, a outra antibióticos e a terceira será voltada para produtos oncológicos, que devem entrar em operação em 2015. A empresa avalia também um projeto em Jaguariúna (SP) para suplementos alimentares. "O crescimento da EMS está respaldado estrategicamente por expansão orgânica, não por meio de aquisições", diz o executivo.
PERFORMANCE
Em 2012, a EMS Participações encerrou com faturamento líquido de RS 1,923 bilhão, um crescimento de 10% sobre o mesmo período do ano passado (de R$ 1,753 bilhão). O lucro líquido de 2012 fechou em R$ 269,4 milhões, recuo de 31% em relação ao ano anterior. A companhia tem hoje cerca de 80% de sua receita obtida com a venda de remédios genéricos e similares.
Outros 20% são de medicamentos isentos de prescrição (MIP, na sigla em português, ou OTC, em inglês). Mas a meta é que em cinco anos a receita com medicamentos inovadores ganhe maior espaço, diz Mário Nogueira, vice-presidente institucional corporativo da EMS Participações. Se confirmadas as expectativas, os medicamentos de inovação ficariam com 30% da receita, enquanto os demais com 70%.
O bom desempenho da companhia é reflexo de uma estratégia bem costurada para garantir crescimento do grupo para os próximos anos. Os planos de diversificação dos negócios começaram a ser traçados há cinco anos por Carlos Sanchez, presidente do conselho de administração da companhia e controlador do grupo.
INOVAÇÃO
O empresário percebeu que no longo prazo os medicamentos genéricos terão expansão limitada. O futuro das empresas nacionais farmacêuticas dependerá cada vez mais de medicamentos inovadores. A empresa já colocou no mercado o Patz SL, remédio indutor de sono, fruto de inovação incremental (produto novo com patente, mas que usa princípio ativo conhecido no mercado). Outros projetos da companhia nesse mesmo sentido estão em desenvolvimento.
A desaceleração da economia observada no ano passado não mudou os rumos de expansão do grupo. "Sempre crescemos acima da média do mercado e neste ano não vai ser diferente", diz Nogueira. A meta é crescer 30% ao ano nos próximos anos.
Com os investimentos, a companhia pretende saltar de 600 milhões de unidades (caixas de medicamento) por ano para uma produção de 1 bilhão de unidades/ano até 2015. Atualmente, a EMS tem em operação as unidades de Hortolândia (SP) e São Bernardo (Grande ABC). Neste ano a empresa concluiu expansão na unidade de embalagens de medicamentos instalada no interior paulista.
EXTERIOR
Se os planos para o Brasil são ambiciosos, os projetos do grupo no exterior também são igualmente ousados. A companhia EMS colocou em prática seu plano de atuar nos Estados Unidos. A farmacêutica criou a Brace Pharma, uma empresa para fazer investimentos em medicamentos no mercado americano. Esta companhia tem em caixa US$ 300 milhões. A recém-criada empresa já analisa os projetos, nos quais esses recursos poderão ser aportados.
Para compor o "board" científico da companhia, o empresário Carlos Sanchez convidou o médico austríaco Eric Richard Kandel, que ganhou em 2000 o prêmio Nobel de medicina, em parceria com o sueco Arvid Carlsson e o americano Paul Greengard, pela descoberta envolvendo a transmissão de sinais entre células nervosas no cérebro humano.
Nos Estados Unidos, o laboratório quer participar de projetos de medicamentos em desenvolvimento ainda em fases iniciais (I e II), a partir de moléculas consideradas promissoras. Os projetos nos EUA ainda estão em análise e serão definidos nos próximos meses. Farmacêuticas multinacionais participam desse tipo de parceria, como coinvestidoras, nas quais dividem os lucros e riscos.
A estratégia no exterior faz parte dos planos de mudar o perfil de produção nos próximos anos e partir para produtos inovadores. O grupo exporta para mais de 40 países e também está traçando metas mais ousadas para se tornar referência no mercado internacional, diz Nogueira. No Brasil, a companhia deverá começar a produzir hormônios e produtos oncológicos em Brasília, quando as unidades estiverem em operação.
No ano passado, a EMS associou-se aos grupos Hypermarcas, Aché e União Química para a criação da Bionovis, superfarmacêutica para produzir biossimilares, empresa na qual possui 25% de participação. Esta companhia, criada com o apoio do governo federal, colocará nos próximos anos no mercado medicamentos para tratamentos complexos, voltados para câncer e artrite reumatóide, por exemplo.
Fonte: Anuário Valor 1000
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