Peso x tireóide Mitos e verdades sobre a glândula



Ronaldo Luís Nazário de Lima deixou o campo após 15 minutos de jogo. Era um amistoso da Seleção Brasileira de Futebol contra a Romênia, em junho do ano passado. Saiu pelas laterais do gramado cansado, mancando e exibindo uma forma roliça que há muito vinha sendo atacada pela imprensa esportiva: estava 20kg acima do peso.
Visivelmente, já não era mais o Ronaldo “Fenômeno” e havia quem o chamasse, nos programas humorísticos de TV, de Ronaldo “Fofômeno”. Mas as críticas ao maior artilheiro em Copas do Mundo começaram a amenizar ainda em fevereiro, quando o camisa 9 anunciou a aposentadoria à imprensa e avisou: sofria de hipotireoidismo, o que explicaria o peso alto. “Muitos devem estar arrependidos de terem feito tanta chacota com meu peso”, disse.
Segundo a endocrinologista e metabologista Lycia Andrade, porém, a história não é bem essa. “A tireóide é sempre vista como a grande vilã, mas as principais causas da obesidade são mesmo erros alimentares e sedentarismo”, frisou.
De fato, a pequena glândula localizada na porção inferior do pescoço (no chamado “gogó”), em formato de borboleta e com pouco mais de 30 gramas, é rodeada de mitos e apontada como grande causadora de oscilações nos ponteiros da balança. Faz sentido, segundo a médica. No entanto, os diagnósticos do senso comum estão cheios de exageros, incluindo temores de tratamento às disfunções da tireóide na gestação ou lactação.
A glândula
Na tireóide são produzidos os hormônios T3 e T4, responsáveis por regular nada mais nada menos que a velocidade de funcionamento do organismo. Isso porque são eles que controlam o que acontece no interior das células, queimam calorias dos alimentos e produzem a energia necessária ao ser humano para cumprir funções vitais e atuar no dia-a-dia. “Eles agem em todos os órgãos, criando um equilíbrio, controla a oleosidade da pele e do cabelo, o batimento cardíaco, a função intestinal, o sono, o humor, a transpiração, o controle da temperatura corporal e vários outros pontos”, destacou Lycia.
Quando esses hormônios sofrem alterações, o corpo reclama e se manifesta principalmente em oscilações de peso, para mais ou para menos, dependendo do diagnóstico. É aí que entram o hipo e o hipertireoidismo.
Hipotireoidismo
Quando Ronaldo “Fenômeno” alegou sofrer com a doença, quis dizer que as produções de T3 e T4 no organismo dele eram baixas. “O hipotireoidismo significa a falta dos hormônios e leva o metabolismo a ficar mais lento”, explicou a endocrinologista e metabologista. Nesses casos, os rins passam a filtrar os líquidos de maneira menos intensa, o paciente urina menos e, portanto, os acumula no organismo, causando o inchaço que eleva o peso. Mas não a gordura em si.
Além disso, a doença interfere em outros pontos, gerando ainda diminuição da frequência cardíaca, fraqueza, dores musculares, queda de cabelo, enfraquecimento das unhas, dificuldade de memória e até perda da libido. Em casos mais extremos, pode levar à depressão e à infertilidade. No caso das mulheres, pode haver irregularidade na menstruação.
Hipertireoidismo
O diagnóstico de hipertireoidismo aponta o inverso: o excesso de T3 e T4 sendo produzidos pela glândula tireóide. “Esse distúrbio acelera o metabolismo e pode inclusive causar perda de peso”, frisou Lycia. O problema pode trazer como consequências sinais de taquicardia e arritmias, irritabilidade, nervosismo, insônia, tremores, sudorese e sintomas semelhantes ao do hipotireoidismo quando o assunto é fertilidade e menstruação.
Diagnóstico e tratamento
Segundo a médica, a descoberta de ambas as disfunções se dá através de exames de sangue e os cuidados com o paciente são medicamentosos. “Os remédios são baratos e alguns são, inclusive, fornecidos pelo SUS”, lembrou Lycia. A médica também afirmou que as mulheres podem ficar tranquilas caso engravidem ou amamentem enquanto se tratam. “As medicações podem ser usadas nessas ocasiões sem problemas. No entanto, as grávidas e lactantes devem comunicar essas questões ao endocrinologista para que ele ajuste as doses”, frisou.
Alimentos
Alimentação balanceada pode evitar disfunções na tireóide. Ingestão de leite, castanha do Pará, gema de ovo, peixes de água salgada, carne vermelha (sem exageros) e laranja pode ajudar a manter a produção hormonal equilibrada.

Por Gazeta de São João del-Rei

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

All Farma - Mogi das Cruzes

Roche aposta em novas drogas contra o câncer no Brasil