Copa deve manter em baixa produção das indústrias




Destaque negativo no PIB, com queda de 0,8% no primeiro trimestre deste ano ante o último trimestre de 2013, a indústria deve voltar a sofrer no segundo trimestre com os reflexos da Copa.
O mundial tem ao menos dois efeitos negativos, segundo a indústria. De um lado, feriados e paralisações reduzem a produção. De outro, as famílias desviam sua renda para consumir outros itens.
A indústria puxou para baixo o crescimento do PIB, que avançou 0,2% no primeiro trimestre ante os três últimos meses de 2013. O ramo da transformação, o de maior peso dentro da indústria, caiu também 0,8% na mesma base de comparação.
O destaque negativo foi para máquinas e aparelhos elétricos, veículos automotores, produtos de metal e mobiliário, bens de mais alto valor, dependentes de crédito.

No polo moveleiro de Bento Gonçalves (RS), algumas empresas já decidiram adotar férias coletivas durante o período dos jogos, segundo Henrique Tecchio, presidente do Sindmóveis.
Os eletroeletrônicos passam por momento delicado, segundo Humberto Barbato, presidente da Abinee (associação do setor elétrico e eletrônico). O crescimento baseou-se na linha de produção de televisores vendidos para a Copa, demanda que terá sido suprida até o mundial.
"Estamos revendo as previsões porque o primeiro quadrimestre teve desempenho aquém do esperado. A alta da Selic reduziu a demanda e isso tem um reflexo importante nas fábricas", diz Barbato.
EM OUTRA DIREÇÃO

Equipamentos de informática, farmacêuticos, perfumaria e produtos de madeira ficaram entre os destaques positivos. A farmacêutica foi impulsionada pela sazonalidade, com reposição de estoques no primeiro trimestre, segundo Nelson Mussolini, presidente do Sindusfarma.
A indústria também antecipou vendas, por causa dos riscos de que manifestações afetem as entregas na Copa.
Igual preocupação ronda o setor de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos, que ficou acima da média da indústria. "As empresas estão fortalecendo seus centros de distribuição com nível de estoque superior ao normal para não perder vendas e se proteger da ameaça das greves", diz João Basilio, presidente da Abihpec, do setor.
Energia elétrica e outros serviços públicos (saneamento, água e gás), com alta de 1,4% frente aos três últimos meses de 2013, contribuíram para evitar uma queda maior do PIB industrial. O consumo de energia elétrica foi puxado pelo maior uso de eletrodomésticos e pelo forte calor.
A produção de minério de ferro e o efeito câmbio nas receitas de exportação também ajudaram o desempenho da indústria. O setor extrativo fechou em alta de 5,4%.
Tal desempenho, aliado a uma alta de 18% no dólar, foram suficientes para compensar o baixo crescimento da produção de petróleo, a queda de 4,2% no preço do barril, e também no preço do minério de ferro, de 18,8%.
Ainda na comparação com o final de 2013, a indústria extrativa teve alta de 0,5% no primeiro trimestre.
 
Veículo: Folha de S.Paulo 
Jornalista: Pedro Soares, Joana Cunha e Samantha Lima
 

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