Medicamentos para emagrecer geram polêmica


Saúde com Ciência apresenta a série Dietas, que destaca a recente aprovação de projeto de lei que libera remédios à base de anfetaminas
marca-scc1Desde 2011, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proíbe o uso de diversos medicamentos para emagrecer que contêm anfetamina, composto também utilizado para a produção de alucinógenos, como ecstasy e LSD. Dentre esses medicamentos, conhecidos como anorexígenos ou inibidores de apetite, somente um permaneceu legalizado: a sibutramina. Em abril deste ano, a Câmara dos Deputados aprovou um projeto legislativo que pretende barrar o veto imposto pela Anvisa. O projeto de lei, ainda sem caráter definitivo, foi encaminhado para o Senado.
Para o professor da Faculdade de Farmácia da UFMG, Márcio Coelho, remédios anfetamínicos não deveriam ser utilizados, já que estão associados a efeitos colaterais, como agitação, insônia e irritação. “Existem estudos demonstrando que o uso desses medicamentos pode elevar a pressão arterial, aumentar a frequência cardíaca e o risco de doenças cardiovasculares. Essa utilização já foi proibida, inclusive, em países da Europa, nos Estados Unidos e na Austrália”, afirma.
imagem-1O especialista também lembra que um levantamento feito na última década pela Organização Mundial da Saúde (OMS) indicou o Brasil como o principal consumidor de anorexígenos anfetamínicos do mundo. E apesar dos esforços da Anvisa em regular e diminuir o uso dessas substâncias, o que culminou na resolução de outubro de 2011, a sibutramina continuou legalizada no país.
Outro medicamento para emagrecer bastante procurado é o orlistat, cuja composição e efeitos são diferentes dos anorexígenos. O orlistat atua inibindo a absorção de gordura no intestino, mas o professor também não recomenda o seu uso, uma vez que sua eficácia é limitada. “Em relação ao orlistat, a preocupação em relação à segurança é menor. Mesmo assim, pode causar diarreia, fezes oleosas e urgência para ir ao banheiro. Não há problemas maiores, porque a substância não é absorvida e age somente no interior do intestino”, explica.
Márcio Coelho ainda desmistifica a ideia de que os anorexígenos ajudam a combater a obesidade no país. Ao contrário do que acredita parte da população, a utilização desses medicamentos não é a forma mais rápida de chegar ao “corpo ideal”. Ele acredita que a divulgação de hábitos saudáveis, que combinem a prática de atividades físicas e uma alimentação equilibrada, são mais eficientes nesse combate. “Ao longo da nossa história, o Brasil foi o maior consumidor de anorexígenos e durante esse tempo os índices de obesidade foram só aumentando”, pondera.

O Saúde com Ciência é produzido pela Assessoria de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. De segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h, ouça o programa na rádio UFMG Educativa, 104,5 FM. Ele ainda é veiculado em 39 emissoras de rádio de Minas Gerais, Paraná e Estados Unidos. Também é possível conferir as edições pelo site do Saúde com Ciência.

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